sirena
heróica razão
veneno letal
a um coração
deusa dos mitos
entrave às logias
a virgem mais bela
rebeldia dos rochedos
sobrevoa cadeias
tal ave insana
guardiã da ilha
dos segredos
pelos bancos de areia
ouviram o encanto
da tua cantoria
voz que suplanta
o eco dos gritos
entre os vivos
a imagem profana
habita a fantasia
sacrifício dos ritos
doçura da ambrosia
nos lábios contritos
bebedeira dos bardos
versos declamados
em saraus de poesia
ninfa dos medos
aos embarcados
que chegam ofegantes
pelos teus zelos
na rendição aos apelos
sequer desconfiam
que és a harpia
que convida
à morte aflita
e à revelia
Afrodite te deu
penas negras
o universo de pedra
fez a ti confinada
a eterna espera
e nenhum deus
ou outro Odisseu
silenciará teu canto
com ouvidos de cera
quem dera
de garganta cortada
e alma ferida
escapem com vida
aos encantos
de unhas afiadas
sacharuk
### #somos mimese dos desadornos - alguns lua outros lâmpadas - outros rio alguns balde - as adversidades da estética#
não estou para falar de amor se ele ainda não dói, nem rói, nem pede flor. Não há flores na minha poesia, as arrancadas são mortas, são decoração de sepultura. Meu poema é heresia. Conheço esse tal de amor, não encontrei deus algum e amor e deus até podem ser compatíveis mas não dependem um do outro, o único ponto em comum: eles não são invencíveis. Não falarei de coisas que desconheço, pois o meu apreço é pelo amor que sinto e não devo a uma criatura que o senso comum insinua e minha cabeça não atura. Minha escrita é a riqueza que colho do meu presente, mesmo que seja inventado, pois poeta mente, mas não se faz ausente, e eu não vivo de passado nem me dedico à tristeza, só quando fico parado. Grito contra o que abomino e não suporto determinismo. Minha ferramenta é o poema e meu alvo é o sistema. Sou tipo existencialista meio insano, meio analista, falso moralista, talvez sartreano. Tenho a marca da história. Todo gaúcho é artista e sou pampeano com muita honra e glória. Sou amigo da filosofia e esta não é feita de fadas, nem gnomos e crenças,nem de almas penadas ou universais desavenças. Eu vim aqui escrever poesia e isso para mim não é só brincadeira, pois no fim, o que consome energia é o abre e fecha da porta da geladeira.

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