o soneto jaz na biblioteca
o olho esquerdo
castanho escuro
pupila escondida
na pálpebra
oscila e molha
gota a gota
do canto
deslizam densas
e lentas
o olho esquerdo
castanho escuro
pisca uma, duas
três vezes...
mais nenhuma
o outro
observador direito
paralisa alguns segundos
logo fecha-se
tal seu gêmeo
gota a gota
do canto
deslizam cadentes
sobre o caderno
encharcam o bloco
pingos coesos
de catorze versos
simétricas estrofes
A cadeira inclina
a caneta quica
no canto escuro
do chão
Nenhum comentário:
Postar um comentário