A dona do pergaminho
Ela andava pela trilha de areia que desembocava na praia. Todavia, no meio do caminho, encontrou uma caixa.
Dentro da caixa havia um pergaminho enrolado e, a mulher, tanto curiosa quanto insegura, pretendeu abri-lo. E hesitou. Pensou que quiçá a escritura encerrasse segredos de outros tempos. Quiçá o anúncio de respostas há muito esperadas. Podia apenas discernir acerca da antiguidade aparente daquela estranha e bonita caixa.
Abri-la ou dispensá-la? Considerou afastar-se da caixa e passar a cuidar dos afazeres. E, por fim, resolveu que distanciar-se do objeto a ajudaria a conduzir a decisão.
Voltou para casa.
Lavou a louça e, logo após, as roupas sujas. Passou a ferro. Dobrou cuidadosamente cada peça. Cada ato marcado por exagerada lentidão. Sua mente teimosa recorria invariavelmente à imagem do objeto encontrado na areia. Não pensava em nada mais.
Voltou à praia.
Descobriu a caixa. Rompeu cuidadosamente as dobradiças oxidadas e quebradiças.
Lá repousava a velha escritura, caprichosamente enrolada no pergaminho dos tempos. Passou a desenrolá-lo com delicadeza. A cada volta, revelavam-se signos e caracteres grandes e claros:
"Partiste em busca de vida, mas encontraste experiências. Das boas e das más, criaste em ti o dom da coragem. Logo, não te surpreendas se dentro de uma caixa perdida encontres a possibilidade do medo e da incerteza. Saberás que nem todo o anúncio de vida estará expresso nas palavras que tanto queres e procuras. Se aberto o pergaminho, leia-o. Se aberta tua alma, vista-a! E tenhas o ímpeto da curiosidade que te trouxe até aqui. E agora, retomes teu curso nas areias e não te importes com a direção dos ventos. Sejas apenas a dona do teu pergaminho."
sacharuk
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