
bailarina das luas
dissolvo-te as reentrâncias
ensaio cores nuanças
reviradas nas águas
para lamber tuas pernas
descubro-te com feixes
de espíritos da terra
talvez sejam peixes
criaturas estranhas
ou almas insanas
suplicantes
dos teus átomos
e faço-te em matizes
das minhas cerdas
com cuidado
para riscar os deslizes
dos teus contornos
abstratos
sinto-te nas cores
tal fossem sabores
revestidos na sépia
de inventados outonos
a negar os calores
e as primaveras
inventei a tua nudez
aos auspícios
dos raios da lua
ela louca se fez
perdida na vastidão
dos seus vícios
de poesia
e de escuridão
certo dia
peguei tua mão
e gravei em tua palma
traços de incertezas
e o açoite da espera
que ronda as noites
da minha janela
bailarina das luas
e dos arcanos
te fazes mais bela
se danças nua
no teu oceano
eu somente
estrela cadente
busco tua senda
na angustia da queda
revelo-te silente
tal quem nada espera
sacharuk
Nenhum comentário:
Postar um comentário