Corro e morro
No corredor escuro a correr
Canso mas não esmoreço
Não sei mais o que fazer
Continuo a correr sem tropeço
O escuro é tão denso e palpável
Posso até pegá-lo com as mãos
Não sei se abertos ou fechados
Os meus olhos agora estão
Parei um pouco para respirar
Mas o ar está demasiado pesado
Há mais pessoas a me acompanhar
Neste lugar tão apertado...
Não quero nem ver para crer
Com medo eu não adormeço
A alma está para vender
No inferno alguém paga o preço
Eu corro caminhos acidentados
Com vapores que brotam do chão
Que queimam os desenganados
No fogo feroz da anunciação
Eu quero mas não posso parar
E percebo que estive parado
Se correr sem sair do lugar
Meu sangue será consagrado
Mas a curiosidade é vilã
E olho para traz por um instante
Vejo vaga luz no afã
Esperança de um rompante
Assimilo que ninguém mais a vê
E percebo que ainda tenho chance
Se correr do lado contrário
A salvação talvez me alcance
Mas ao olhar direito luz que despontava
Percebo que era somente ilusão
Corri sem sair do lugar, sem nenhuma passada
Me ajoelhei de desgosto nessa fração
Corro e morro repetidamente
Sufocada pelas muralhas quentes
Abafada por todos os descrentes
Que fazem parte dessa corrente
Dani Maiolo & Sacharuk
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